sexta-feira, 25 de março de 2011

Pausa - Maria Luiza





Coração em stand by.
Minha vida: film noir.
Olhos espessos de sal e água.
Amargo na boca: a falta daquele beijo.
Agora já não sinto nada além da dor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sobre Dilemas e Minhocas - Maria Luiza


Este post é dedicado à minha amiga Suelen com o desejo de força, amizade e recheado de carinho!

Certo ou errado?
Branco ou negro?
Noite ou dia?
Ir ou ficar?

Todas essas perguntas nos acompanham em toda a nossa existência. Escolhas que temos de fazer todos os dias. Nem sempre acertamos - o que parecia o correto aos olhos críticos dos que nos rodeiam, acaba por se mostrar para nós, ao longo do caminho, a escolha errada.  

 
Em 31/03/10 escrevi: "Quando a estrada se bifurca, ainda podemos seguir em frente pelo terreno não explorado. Vai da coragem de cada um..."  e antes disso, em 25/03, havia deixado registrado: "A solidão não me assusta, o que me assusta é o tédio da solidão acompanhada."

Podemos aproveitar as minhocas que habitam nossos pensamentos para que elas nos deem humus, com o qual fertilizaremos o campo da consciencia, e assim possamos crescer sempre.

terça-feira, 15 de março de 2011

Presente do Delmar

Publico, com grande orgulho, o acróstico que recebi do meu querido amigo Delmar por ocasião do meu aniversário.  Valeu Mazinho, estou lisonjeadíssima!


M ulherão de múltiplas facetas
A miga de longuíssima data
L ouvo nesse dia bem porreta
U ma pisciana muito gata

C apaz de reter nas entrelinhas
O sonho fugidio do amor
S ensível ao mar onde caminhas
T elúrica ao sopro do Criador
A ceite meu beijo de letrinhas



segunda-feira, 7 de março de 2011

Pérola e Diamante - Maria Luiza

No fundo do oceano jazia a ostra.
Fechada, cada vez mais, 
guardando a preciosa pérola
que se lhe crescia dia após dia.
No fundo da terra jazia o diamante.
Oprimido pela terra acima dele.
Comprimido pela força da natureza
que se lhe cercava.
Haverá o dia
em que pérola e diamante serão unidos
na mais bela jóia que já houve.
A beleza será tão intensa
que não se poderá dizer
quem brilha mais:
a pérola com sua suavidade
ou o diamante com sua força.

sábado, 5 de março de 2011

Matando a saudade - Maria Luiza

Arpoador, fevereiro 2011.
Photo by Maria Luiza

Afastei-me da web durante esses dias, férias do trabalho, dos afazeres normais, da cidade onde vivo.  Destino: Rio, a Cidade Maravilha, 40 graus de acolhimento e beleza – minha primeira casa, minha eterna casa, onde as referências de cheiros, paisagens, ruas, construções, mar e montanhas, trânsito implacável e a magia do charme do carioca se faz notar em qualquer horário, qualquer rua, em qualquer esquina.

Reencontros agradáveis com quem já havia retomado contato há três anos, depois do meu autoexílio de trinta anos, mais o resgate de amizades há muito adormecidas pelo tempo e afastamento, rever tanta gente mexe dentro – faz a gente pensar no que cada um passou: amores, desamores, decepções, sucessos aqui e acolá, perrengues e as marcas de tudo isso sulcando aqueles rostos que ficaram guardados na memória – jovens e esperançosos.  Alguns olhares tornaram-se sombrios, desconfiados, como se esperassem o próximo golpe da vida; outros continuam com o mesmo brilho de trinta anos atrás, como se esperassem o próximo convite para ir à praia, ou um chopp no final da tarde.

No meio de tudo ainda há espaço para recontar novas velhas histórias, apresentar os filhos, surpreender-se com a menção de velhos amigos que não reencontrei ainda, e lembrar, com uma saudade gostosa, da época da adolescência, onde os sonhos e promessas eram infinitos: as histórias acontecidas no Fusca de um ex-colega, das implicâncias gratuitas com os cedeéfes do colégio, do polícia-e-ladrão com a turma do prédio, o jogo de vôlei improvisado na área de manobra dos automóveis no condomínio.  Namoros que não aconteceram, paixões que ficaram suspensas no ar e nunca confessas. Tudo isso ficou na memória de cada um, de uma maneira ou outra.

Levei minha filha mais nova para conhecer os lugares da minha infância e adolescência para que ela, no alto de seus 11 – quase 12 anos tenha noção de como a mãe dela viveu uma das melhores épocas da trajetória da vida de qualquer um.  Passeei com ela pelo Parque Lage, Jardim Botânico, Casa de Rui Barbosa, Praia Vermelha, Urca.  Mostrei os detalhes arquitetônicos das construções, contei histórias daquela época que vivi um Rio que ainda existe, mas está maduro.  Descobrimos juntas outra paisagem que não se podia visitar na minha juventude: Ilha Fiscal – ela se encantou com o castelinho que a guia insistiu em frisar que é um local de trabalho e, portanto, austero. Divertimo-nos visitando o Museu Naval: ela entrou e saiu de tudo que era permitido: navio, submarino, helicóptero.  E o calor do início da tarde não deu trégua.  “Mãe, essa cidade é linda” - diz minha gauchinha – “Me ensina a falar carioca? Quero vir morar aqui”.  Sorrio apenas.   

Nunca pensei que pudesse abandonar a minha cidade amada, mas aconteceu.   
Quem sabe um dia eu volto? 
Outra vez. 
De vez.