domingo, 13 de junho de 2010

Seu vício - Maria Luiza



No próximo encontro tome-me sua:
beije minha boca antes que eu fale,
tire minha roupa, me deixe nua,

não permita que eu argumente
e questione o certo e o errado.

Trace meu corpo com suas mãos,
prove o sal da minha pele,
ocupe-me com sua língua.
Ame-me como se fosse o início...
Ame-me como se fosse o final...
Ame-me apenas
e me chame de seu vício...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um Pedido - Maria Luiza


Acolha-me no silêncio do olhar primeiro:
olhos fechados pela doce calma
da infinita certeza deste teu encanto
que derramas sobre mim: tão verdadeiro!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Cama desarrumada - Maria Luiza


Estou dentro dos meus mundos: onde o amor é possível, onde os dias são perfeitos e as noites são calientes. E de dia sempre faz sol.

Quero mais o escapismo de leituras agradáveis, viagens para lugares distantes que algumas músicas me levam, sonhar com domingos ensolarados nas manhãs, ainda na cama desarrumada, café e você ao meu lado. Quero seu beijo.

O imposto que se paga por sonhar assim é alto: acordar com a noite ainda se despedindo, o nevoeiro bloqueando a visão do jardim e o frio do clima e da rotina da solidão puxando para a realidade infértil. Dias cinzentos e noites sem estrelas. Volto ao sonho, pelo menos assim, sinto-me viva. Já dizia Cazuza: "quem tem um sonho não dança..."

O mais estranho de tudo é que ninguém suspeita - nem mesmo você - de todas as marcas, perdas, lutas, dores e choros que carrego em mim. As minhas alegrias são visíveis, não as escondo. O meu lado noir, esse ninguém está habilitado a ver, há muito lodo no escuro do fundo deste poço.

Até determinado ponto da vida acreditei piamente em "fairy tales": "Happily ever after". Isso foi até o dragão da maldade humana mostrar que não existem príncipes e a vida é um grande pântano - cheio de sapos.

Alguns eu fui obrigada a engolir.


Criei uma úlcera.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Aracne - Maria Luiza


Teço teias
teço histórias
teço lendas
teço memórias
teço a vida
de outra vida
teço sonhos
pesadelos medonhos
teço romances proibidos
teço amores perdidos
teço músculos
teço veias
e teu vento
desfaz minhas teias...