quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mentiras - Maria Luiza

Então você quer que eu lhe conte mentiras. 
Daquilo que paira em meu íntimo e que não mais dissimulo. 
Quer ouvir valsa onde só existe barulho de metal rasgado, carne dilacerada, e fragmentos de felicidade partida. 
Não há como dizer o indizível. 
O sentimento é sempre maior do que a palavra.
E não há palavra para o que sinto. Qualquer uma proferida será uma mentira. 
Talvez a mentira tenha se transformado na grande verdade: uma vida vivida com base no engano. 
Uma abdução dos sentidos e da razão.  
Quem sabe uma alma capturada num pote e colocada na estante, para deleite próprio? 
A alma tem seus segredos: foi anestesiada e lá ficou em coma, mas não deixou de sonhar. 
Acorda aos poucos, zonza, sem saber exatamente onde está e se vê presa.  
Debate-se entre as mentiras do sono e as mentiras da vigília. 
Descobre a tampa do pote: é lá que é a saída para onde mora a liberdade e a verdade.
Mas isso também pode vir a ser uma grande mentira.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Seu discurso - Maria Luiza


Fala.
Fala o que precisa,
fala com a boca,
fala com os olhos,
fala com coração.
Ouço.
Ouço o que preciso,
ouço como inspiro,
ouço como primeiro acorde,
ouço toda sua sinfonia.
Seu melhor discurso
é o da sua pele
roçando na minha.
Sem palavras,
num infinito entendimento
onde a solidão se esvai,
e a tangibilidade do sentimento
se torna real.