quinta-feira, 28 de julho de 2011

Oferenda II - Maria Luiza

Quero lhe oferecer
toda a minha suavidade
compartilhar da minha força
fazer do meu colo o seu descanso

Quero lhe oferecer
todos os meus sonhos
compartilhar meus dias
fazer do meu corpo a sua fogueira

Quero lhe oferecer
todos os meus risos
compartilhar minhas dores
fazer do meu abraço a sua paz

Quero lhe oferecer
toda a minha vida
compartilhar o pão
fazer de mim somente sua

terça-feira, 26 de julho de 2011

Catedral do Tempo - Maria Luiza

Emudeço diante realidade.
Só o silêncio é capaz
de fazer ver a verdade:
preciso de um pouco de paz

Meu sentir não é efêmero

misto de angústia e amor
substâncias sem gênero
Ora o riso, ora a dor

Da catedral do tempo os carrilhões

alertam que é chegada a hora
da viajante regressar à casa...

Nada de rápidas conclusões
Nada é "aqui e agora":
o momento é de abrir as asas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Oferenda - Maria Luiza

Dividindo o pão - Miriam C. de Souza
http://www.flickr.com/photos/admiriam/5686595125/


Há que se sonhar nesta vida.
Há que se realizar nesta vida.
Não tenho outra vida para oferecer
Somente esta: toma o que é teu.

Criadora/Criatura - Maria Luiza

 
Tenho vivido de imaginar.
Minha criatividade exarcerbada me leva para mundos que ninguém imagina.
É uma viagem solitária, às vezes triste, às vezes alegre.
Compartilhar a imaginação é mais difiícil do que compartilhar a realidade.
No imaginário podemos ser tudo.
Na realidade somos o que somos: limitados.
Por isso escrevo...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Cinza e gume - Maria Luiza

Chego junto à janela
abro meus braços:
quisera aprender a voar!
Abraço o vazio
e me deixo cair
na cadeira.

Olho de cima a cidade fria,
manhã de cinza e gume.
Não há sol sem você.

As palavras voltam
como bumerangues:
"Não chego na hora marcada"
Não há hora, meu bem, há a vida!
Vida marcada pelo amor:
você está nela!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O til da lagartixa - Maria Luiza

O rabo da lagartixa
- jacaré de parede: til -
que passeava a tarde,
comia as moscas da noite
assadas na iluminação do poste...
Saudade: a lâmina que corta
o til da lagartixa,
...pobre animal cotó!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Brincando de Florbela - Maria Luiza

Estes lábios que são teus
perderam-se de ti por eras,
tentaram, em vão, encontrar
em outras bocas o mesmo beijo...
 
Nem o fogo de mil Prometeus
nem a fúria de mil Heras
hão de fazer cessar
da tua boca o meu desejo...
 
Ninguém mais se atreverá
a tocar no meu coração:
só dedos, boca e lábios teus!
 
Nunca houve, nem haverá
dos outros lábios tamanha sedução...
Sim, são teus os lábios meus...