quarta-feira, 9 de maio de 2012

Maestro, música, por favor! - Maria Luiza







Às vezes me pego com vontade de dançar uma valsa, daquelas lindíssimas de Strauss, rodopiando elegantemente pela vida. Outros momentos tenho uma vontade louca de um tango, naquele clima de cabaré barato de cais do porto, com cheiro de fumo e álcool. Hora uma princesa europeia, hora plebeia marginal. Em alguns instantes, visto-me com sedas caras e gemas preciosas, luvas de cetim e altivez aristocrática. No átimo seguinte, estou de vestido vermelho com fenda até o alto da coxa, meias arrastão presas por cinta-liga e uma rosa surrada de tecido no cabelo, com ar mundano de quem não se importa com o futuro.


E tem aqueles momentos em que só quero mesmo é um bom travesseiro, uma música suave, um sonho perdido no tempo.

E danço a vida conforme a música que vai tocando: samba no pé, adágios, pop, rumba e até balé clássico. 

Tem horas em que a música para. Pausa na orquestra interna: hora de reflexão. Quantas coreografias erradas, alguns tropeços nos tapetes da vida, tombos, o levantar outra vez e sorrir: a música recomeça e a vida não nos dá tempo para consertar os passos trocados. Não há mais coreografia ensaiada: é no improviso que a gente mostra o talento e o jogo de cintura.

Maestro, música, por favor!

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