quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Faithless

Faith - MLDiasCosta



Na cabeça, mil ideias. 
No corpo, letargia. 
Na alma, vontade de voo. 
A realidade me entedia.
Hoje acordei sem fé...
Amanhã é outro dia...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Samba e Adágio - Maria Luiza



Eu quero ser o seu porto de paz
E também ser por quem você faz a guerra,
Por quem você ousa o movimento audaz
Com a certeza dos pés na terra.

Eu quero ser seu samba e adágio
E seguir seu ritmo e sua cadência
Ser a original e sem nada de plágio
Ser sua eterna musa em minha essência.

Eu quero ser das árvores a sombra,
Ou o sol a pino em sua testa
Deitar você em verdejante alfombra
E fazer-me nua e ter-lhe só meu, é o que resta.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Maestro, música, por favor! - Maria Luiza







Às vezes me pego com vontade de dançar uma valsa, daquelas lindíssimas de Strauss, rodopiando elegantemente pela vida. Outros momentos tenho uma vontade louca de um tango, naquele clima de cabaré barato de cais do porto, com cheiro de fumo e álcool. Hora uma princesa europeia, hora plebeia marginal. Em alguns instantes, visto-me com sedas caras e gemas preciosas, luvas de cetim e altivez aristocrática. No átimo seguinte, estou de vestido vermelho com fenda até o alto da coxa, meias arrastão presas por cinta-liga e uma rosa surrada de tecido no cabelo, com ar mundano de quem não se importa com o futuro.


E tem aqueles momentos em que só quero mesmo é um bom travesseiro, uma música suave, um sonho perdido no tempo.

E danço a vida conforme a música que vai tocando: samba no pé, adágios, pop, rumba e até balé clássico. 

Tem horas em que a música para. Pausa na orquestra interna: hora de reflexão. Quantas coreografias erradas, alguns tropeços nos tapetes da vida, tombos, o levantar outra vez e sorrir: a música recomeça e a vida não nos dá tempo para consertar os passos trocados. Não há mais coreografia ensaiada: é no improviso que a gente mostra o talento e o jogo de cintura.

Maestro, música, por favor!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Assuntos do Coração - Maria Luiza



As pessoas têm seus espaços particulares e precisam deles.  Não há nada pior do que uma relação onde tudo é compartilhado (é lindo na teoria, porém utópico na prática - somos todos seres feitos de emoções e nem sempre reagimos bem a determinadas circunstâncias.).  Se o Gato está precisando de um espaço para resolver problemas que não têm a ver com você, conceda simplesmente.  Não invente que o problema é você, pois não é.

Acalme seu coração e confie em você e nele. As coisas se ajeitam e não há maior prova de amor que o respeito ao outro. Se ele está distante, pense que é para proteger você de coisas que não fazem parte da sua vida e sim da dele. 

Sem querer ser "professora" de nada, digo a você: as pessoas têm seus segredos (todos nós os temos de alguma forma) e isso deve ser respeitado. Pessoas "abelhudas" passam a ser insuportáveis.  Essa coisa de perguntar "por que vc não ligou? onde vc foi? quem foi que ligou pro teu cel?" é um veneno que corrói as relações.  Nós, mulheres, lamentavelmente fomos criadas para sermos dependentes dos homens (vc deve ter ouvido muitas vezes a famosa pergunta: "quando é que vc vai se casar?" ou, agora no seu novo estado civil, com o acréscimo do "de novo").  Parece que nós, sem algum homem por perto, somos incapazes de gerir a própria vida e sobrevivermos neste mundo cão.  Quer saber? Isso é coisa do séc XIX!!! Nós somos mulheres do Séc. XXI! E como tal, devemos agir.

Para acalmar o seu dragão, saia com seu cachorro, marque um chopp com as amigas, curta o que você tem de mais precioso: você mesma! E saiba, que se o seu dragão resolver tacar fogo nas coisas, você ainda pode se transformar em fênix e ressurgir das próprias cinzas, mais forte, mais brilhante, mais bonita!

Taí, gostei do que escrevi pra você, talvez sirva para muitas pessoas, inclusive para mim mesma! 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Aguenta, coração! - Maria Luiza



Meu coração tá cansado
de bater descompassado,
agora vive contrito
esperando o atrito,
faz doer o esquerdo ombro
e se transforma em escombro...
Que medo de ter um enfarte!
E perder a vida, a arte!
Morrer aos cinquenta e dois,
não quero, só bem depois!
Preciso largar o cigarro,
talvez comprar um carro,
viajar, mudar de cidade,
baixar minha ansiedade,
respirar outros ares,
conversar com outros pares,
sobre poesia e literatura,
cinema, arte e cultura.
Eita coração danado!
Porque lhe deixei de lado?
Fiquei só ouvindo a razão...
Tá certo: explode coração!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

The Sound of Silence - Maria Luiza



Hoje pensei nos seus olhos: grandes castanhas portuguesas que me seguem na memória. Apesar de estar só no escritório, seus olhos estão postos em mim. Vigia, vigília? Não sei. E bate uma saudade imensa de quando podia ver seus olhos ao vivo.  Penso no que foi e no que não foi. No que poderia ter sido.  Lembro-me de uma velha canção do Simon & Garfunkel: "Hello darkness, my old friend, I've come to talk with you again..." E no som do silêncio do escritório, apenas cortado pelo meu teclar, penso ouvir você chamar meu nome. 

Silêncios, castanhas, sabores antigos: tudo acorrentado na memória como prisioneiros em masmorras.  E dá uma saudade de um Portugal longíquo no tempo - aquele vivido em outra vida, quem sabe.  Estranhamente sinto o cheiro do alecrim e da sálvia: memória olfativa antiga. Como definir o sabor do cheiro?

No peito abre-se um grande vazio que só pode ser preenchido com o silêncio das boas lembranças. Arqueologicamente escavo meu passado. Tiro o pó dos tesouros mais queridos. E seus olhos de castanhas portuguesas me acompanham. Onde quer que eu vá. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Bolero - Maria Luiza

Me atrapaste en tu cadena
Hás trenzado mis pelos
y me ha hecho tu luna llena.
Ahora soy cautiva
de tu deseo y celos
en la eterna expectativa...
Qué me quieres, you lo sé...
¿Cómo, cuándo y de que formas?
son preguntas que osé...
Las respuestas són tus normas!
¿Cuánto tiempo esperar?
¿Una vida o dos más?
sólo quiero te amar
para siempre o nunca más...

sábado, 31 de março de 2012

. Os pés e a alma . - Guilherme Beiró

Texto originalmente postado em Diafragma, obturador e letra


"Na curva" - MLDiasCosta






Foi andando como quem não pensa
Como quem deixa as pernas levarem
Os pensamentos, agora já libertos das ações, seguiam caminhos outros.

Os pés marchavam
Ritmo constante porém sem rumo
Na cabeça lembranças vinham em profusão
Respostas nunca dadas
Ações nunca tomadas
Soluções sobre o passado, que agora passadas, pareciam tão óbvias
Nos ouvidos os violinos cantavam com os violoncelos, brincavam com as harpas e davam o tom necessário para essa caminhada decisiva.
Passou por uma esquina
O passado passou ao seu lado
E passou
Um tanto de cheiro e presença ficou
Daquela jura dita em silêncio
Daquele momento que era presente
E no presente não permaneceu
Lembrou das ruas antes andadas
Dos charmes
Da chuva
Dos fogos
Do fogo que aos dois queimou
E o mundo ao redor
Do tempo fora do tempo 
Os pés seguem um caminho
O corpo segue outro
Nesse espaço, nesse vão que se forma entre os dois
Ele permanece
Estático
Esperando o reencontro


Meio corpo
Meio alma.  

domingo, 4 de março de 2012

A insustentável leveza do ser - Maria Luiza

Punhal cravado no peito: assim foram sentidas aquelas duas palavras.
Foi o bastante para perceber que a balança está desequilibrada - que o poder do clã é maior do que as razões de uma só pessoa. 

Foi o suficiente para repensar até onde vale a resignação em prol do bem-estar coletivo do que a busca pela tal felicidade.

Foi definitivo para perceber que não se pode ser quem se é: sempre haverá que se usar máscaras, ainda que em família.

Família??? Pessoas que habitam a mesma casa, talvez. Por conveniência, por circunstâncias ou por hábito.
Cada uma em seu mundinho particular, com seus interesses pessoais, que se reúnem no fim de semana para uma refeição, onde cada qual fala superficialmente sobre as superficialidades da própria semana, sem realmente ouvir o que o outro diz.

Mas aquelas duas palavras ainda ecoam na memória e continuam a causar muita dor. 

Quem as proferiu, pró-feriu... será para sempre uma ferida que sangra:

"Fica longe".

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Elegância - Maria Luiza

Eu perdoo
seus medos, suas inconstâncias,
suas dúvidas, suas discrepâncias,
seu gênio, suas ignorâncias.

Eu perdoo

seus rompantes, sua rigidez,
seus "quase", seus "talvez",
toda a sua insensatez.

Mas alço voo...

é o que resta nesta instância:
sair com o mínimo de elegância
mantendo a segura distância...