quinta-feira, 28 de abril de 2011

Amor e futebol - Maria Luiza

Você passa correndo e me atira um beijo.
Eu, goleira experiente, estico os braços
e impulsiono o corpo na direção exata.
O beijo chega na minha boca e o placar mostra 1 x 1.
Neste jogo só o empate é o resultado esperado.
Saio do meu campo, passo pelo centroavante
sem olhar nem para o lateral direito.
Driblo a zaga,
invado a sua pequena área.
Não me interessa quantos estão em jogo,
miro em você,
com a certeza do gol na minha cabeça.
Parada estratégica para analisar a distância.
Frente a frente,
olhos nos olhos.
E aí,
vai defender
ou vai encarar?

domingo, 24 de abril de 2011

Lisérgica Poesia - Maria Luiza

Estendo-te a mão e convido:
venha sonhar comigo.
Sou a heroína que entra em teus braços,
o fumo e o ópio que tonteia,
a dose tóxica que relaxa.
Lisérgica Maria
que te envolve em brumas,
nuvens de seda e lã,
de sabor acridoce.
Sou a carne que sacia a tua fome,
o vinho que te embala o sono,
a uva que te adoça o paladar.
Sou buquê de flores do campo
dentro do teu abraço,
Sou perfume: musgo e jasmim.
Sou poesia.

sábado, 16 de abril de 2011

S.O.S. Alegria - Maria Luiza

Cinza. Porto Alegre, 16/04/11 - Photo by Maria Luiza


Porto Alegre do dia cinzento,
meu olhar cinza é puro lamento:
preciso urgente de sol e maresia,
algo que faça sair dessa apatia,
que me dê sonho e alento,
que me mova ao meu intento,
que me tire dessa afasia
e me devolva a alegria
de viver e fazer Poesia.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ser brega... ou ser humano? - Maria Luiza



A vida é brega. 

Nascer é a coisa mais brega que um ser humano pode fazer: já chegamos sujos de sangue (o mesmo sangue que vamos dar vida afora em amores mal-sucedidos, trabalhos mal-remunerados, amigos maledicentes, e por aí vai) , enrolados num cordão (para nos lembrar que, por mais livre que seja a alma, estaremos amarrados às pressões sociais) e mesmo antes de poder sorrir, levamos uma bordoada pra respirar e choramos! 

Breguice é inerente à condição humana.  Até Coco Chanel foi brega: ela ia ao banheiro, né? Quer coisa mais brega do ir ao banheiro?

Entonces, meus caros leitores, ouçamos Vanusa cantando Paralelas, ou pra dar risada, Sidney Magal com sua Sandra Rosa Madalena e sigamos nas nossas breguices cotidianas!

domingo, 10 de abril de 2011

De olhos fechados - Maria Luiza

Photo by Maria Luiza Dias Costa

Fecho os olhos ao te abraçar
No avesso das pálpebras retenho tua imagem
É esse o instante a que chamo de infinito.
Para sempre meu por um átimo.
E cada vez que pisco meus olhos
tua imagem volta refletida
no escuro da memória.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Improvviso - Andréa Chénier - Umberto Giordano

Excepcionalmente hoje coloco os versos de uma das minhas árias favoritas, Un dì all'azzurro spazio - do primeiro ato da ópera Andréa Chénier.  A foto que ilustra o texto é do grande tenor do séc XX -  Mario del Monaco -  caracterizado como Chénier.


Colpito quì m'avete... Un dì all'azzurro spazio



Colpito qui m'avete   
ov'io geloso celo  
il più puro palpitar dell'anima.   
Or vedrete, fanciulla,   
qual poema  
è la parola "Amor,"   
qui causa di scherno!   

Un di all'azzurro spazio  guardai profondo,   
e ai prati col mi di viole, 
piove va l'oro il sole,   
e folgorava d'oro il mondo;   
parea la Terra un immane tesor,   
e a lei serviva di scrigno,  il firmamento.   

Su dalla terra   
a la mia fronte   
veniva una ca'rezza viva,   
un bacio.   
Gridai, vinto d'amor:   
T'amo, tù che mi baci,   
divinamente bella, 
o patria mia!   
E volli pien d'amore pregar!   
Varcai d'una chiesa la soglia;   
là un prete nelle nicchie dei santi   
e de la Vergine, accumulava doni...   

e al sordo orecchio   
un tremulo vegliardo   
invano chiedeva pane,   
 e invan stenddea la mano!   
Varcai degli abituri l'uscio;   
un uom vi calunniava  
bestemmiando il suolo   
che l'erario a pena sazia   
e contro a Dio scagliava,  
e contro a li uomini  
le lagrime dei figli.  

In cotanta miseria
 la patrizia prole, che fa?   

Sol l'occhio vostro   
esprime umanamente qui,   
un guardo di pietà,   
ond' io guardato ho a voi  
sì come a un angelo.   
E dissi: Ecco la bellezza della vita!   
Ma, poi, alle vostre parole,   
un novello dolor,   
m'ha còlto in pieno petto...  

O giovinetta bella,  
d'un poeta non disprezzate il detto:   
Udite! Non conoscete amor,   
amor, divino dono, no lo schernir,   
del mondo anima e vita è l'Amor!