segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sobre desencontros noturnos . Maria Luiza

Após ler o texto do Beiró, surgiu-me a idéia de reescrevê-lo, com um tanto de mim e brincando com a imaginação. Abaixo o texto original do Gui, com a referência de seu blog Diafragama, Obturador e Letra e a seguir a minha versão. A foto que ilustra não podia ser outra: Guilherme e eu numa brincadeira lá em casa no Reveillón. Beijos, Gui!

. Sobre encontros noturnos . Guilherme Beiró

http://diafragmaobturadoreletra.tumblr.com/
 
Nosso caso sempre foi estranho.
Eu sempre quis encontrá-la.
Eu sempre procurei por ela.
Ela nunca me evitou. Mas mantinha distância. 
Caminhei esses anos todos acompanhado dos calos em meus pés e do cigarro nos dedos.
Tive amores e desamores. Encontrei a felicidade em braços muitos.
Minhas divas, minhas musas, minhas mulheres.
Algumas levaram o que de valor eu tinha.
Outras levaram pedaços de mim.
Um preço baixo pelo o amor, ou equivalente carnal, que elas me deram.
E agora, sentado nesse quarto escuro iluminado só por uma amarelada lâmpada fraca, me vejo finalmente, na tua frente.
Ela entrou, eu fiz que não via. Ela fez que não existia.
Circulou essa velha poltrona algumas vezes.
Não fez um som sequer, mas mesmo de olhos fechados eu sabia que ela estava aqui.
Ao soltar uma baforada densa, resultado de uma tragada profunda, abri os olhos…
Vi seu rosto delinear-se na fumaça.
Cinza azulado. Frio.
Ela sorria. 
Eu não.
- Vieste me buscar? - Perguntei voltando a fechar os olhos
- Vim te encontrar.
Ela ainda sorria.
Não sei se foi a lâmpada amarelada ou meus olhos. Mas tudo escureceu.
Ela não estava mais lá.
Nem eu. 
Nosso caso sempre foi estranho.
Eu sempre quis encontrá-la.
Eu sempre procurei por ela.

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. Sobre desencontros noturnos .  Maria Luiza



Nosso caso sempre foi estranho.
Eu sempre quis encontrá-lo.
Eu sempre procurei por ele.
Ele nunca me evitou. Pelo contrário, até me procurou certas vezes. Eu mantinha distância. 
Caminhei esses anos todos acompanhada dos saltos em meus calcanhares e do cigarro eventual entre os dedos.
Tive amores e desamores. Encontrei a felicidade em braços parcos.
Meus heróis, meus bandidos, meus gostares.
Nenhum levou o que de valor eu tinha.
Alguns levaram pedaços de mim.
Um preço alto pelo o amor, ou equivalente carnal, que eles me deram: a minha alma despedaçada.
E agora, sentada neste quarto escuro, iluminado só pela iluminação pública, me vejo finalmente, na sua frente. Havia tanto a dizer, mas dizer exatamente o que?
Ele sorria. Eu não. Espantada com sua presença em mim.
- Veio me buscar? - Perguntei voltando a fechar os olhos.
- Vim ver você.
Ele ainda sorria.
Não sei se foi a iluminação da rua ou meus olhos: tudo escureceu.
Ele não estava mais lá.
Nem eu. 
Nosso caso sempre foi estranho.
Eu sempre quis encontrá-lo.
Eu sempre procurei por ele.

Um comentário:

Gui Beiró disse...

Gente!
E a honra?
A honra de ter o texto publicado aqui e reinterpretado por ti!
Fiquei feliz demaissss!

Adorei, mesmo mesmo.


Beijo Maluuu.