segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Segredos multicores - Maria Luiza


Há assuntos que não comento:
são minhas dores, meus lamentos.

Meus secretos segredos...
Meu desterro, meu degredo...
Não comento por saber
que ninguém há de reverter

o que feriu, o que passou
- meus lamentos, minhas dores
são só meus e multicores -
meus amigos de tantos anos
que me acompanham

entre vitórias e danos,

mas são só meus.
Não há como dividí-los,
nem ao menos somá-los,
já tentei subtraí-los,

tudo em vão: são meus calos.

Apenas - Maria Luiza


Sou apenas Maria:
Maria-segredo,
Maria-sem-medo.
Sou a parte, sou a inteira,
sou a santa e a rameira,
sou o porto seguro
após a jornada,
sou o quarto escuro...
sou o tudo e sou o nada.

Sou aquela Maria
de outras eras, outros tempos...
Sou esta Maria:
trazida em sonhos
traduzida em ventos...
Sou para sempre Maria:
para a prosa e a poesia.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Terceira Carta de Ester - Maria Luiza

foto by Tita Ferreira


Há uma saudade íntima, funda, silenciosa.

É algo como uma murcha rosa

dentro de um livro esquecido na estante.

Penso em você: tão distante...
e como a esquecida flor
permanece o perfume, desbota a cor,
fica perene na memória
faz parte da minha história,

Faz parte de mim, meu amor.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Hoje é um dia - Maria Luiza


Hoje é um dia
em que sonhos parecem distantes,

em que o coração se transformou em nuvem,

em que a Terra poderia parar.


Hoje é um dia

em que a emoção virou fumaça,

em que respirar dói,

em que viver é apenas mais um fato.


Hoje é um dia

em que queria estar em outro mundo,

em que precisaria de outro corpo,
em que gostaria de ter outra cabeça.


Hoje é um dia
em que sinto-me como um robô,

lata fria sem sangue,
luzes piscantes no lugar do olhar.


Hoje é um dia

onde não há lugar para sorrir

quando a alma esfria

e as palavras emudecem.

Hoje é um dia

em que digo estar bem,

convenço com um falso sorriso

mas meu olhar está além...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Silêncios - Maria Luiza


Silêncio na alma.
Silêncio no coração.

Apesar dos ruídos em volta

o todo se faz silêncio.

Pausa necessária
para ordenar as idéias

e refazer a calma.

Eis o hiato
entre
pensamento e ação:
silêncio na alma,

silêncio no coração.

No momento não preciso

de palavras escritas ou faladas...

preciso de silêncio,

preciso de solidão...

ordenar as paixões,

arrumar os sentimentos,

catalogar os pensamentos,

fechar os olhos

e sentir o universo.


Silêncio no coração

para ouvir

o que diz a razão.