sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Resignação e inconformismo - Maria Luiza


"Deus me dê força para mudar o que posso mudar e deve ser mudado; resignação para aceitar o que não pode ser mudado; e, principalmente, sabedoria para distinguir entre os dois." Ditado árabe.

"Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles." - Augusto Cury.

A partir desses dois pensamentos descubro que há uma grande diferença entre os seres humanos: alguns se resignam e passam a vida com uma sensação de estar cumprindo um dever imposto pelo Destino, mesmo tendo vontade de mudar e fazer o que deseja; outros são inconformados e não aceitam pura e simplesmente que "o Destino (ou a Vida, ou Deus, não importa a quem ou ao que se atribua) assim o quis" e não desistem de seus sonhos. Faço parte da segunda categoria.

Corro e sempre correrei atrás dos meus sonhos: sejam eles quais forem. Aqueles que dependem única e exclusivamente de mim: os realizo. Já os que dependem de terceiros, procuro argumentar e convencer que é uma outra forma de se ver a vida e de se tentar algo que não foi tentado. O máximo que pode acontecer é se ouvir um NÃO. Neste caso, sigo em frente e busco um novo sonho. Mas não paro de sonhar e traçar objetivos.

Aos que se resignam, lamento, mas chegarão ao fim de suas vidas com uma única certeza: dever cumprido. Não que isso seja ruim, mas penso que a satisfação pessoal de ser um "cumpridor de deveres" dos resignados é pouco para mim. Acredito que exista a tal Felicidade e trabalho para alcançá-la todos os dias. Quando a Roda da Fortuna pára numa situação desfavorável, dou um jeito de fazê-la girar novamente: não desisto de fazer o universo trabalhar a meu favor.

Sempre discordei do dito popular "O homem põe e Deus dispõe". Vejo exatamente o contrário: "Deus põe e o homem dispõe". Somos nós quem decidimos se queremos nos resignar e desistir dos sonhos ou se teremos força para lutar pelo que consideramos importante.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Palavras, gestos e olhares - Maria Luiza (a Bruno Ziemerhoff)


Palavra indigesta: são tantas,
que eu colocaria no plural!!!

Por certo o que sai das gargantas
com a intenção de fazer mal
são palavras indigestas
como gestos dissimulados,
olhares arrevesados
e sorrisos com arestas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Outra carta de Gil - Maria Luiza


"Não há palavra certa
que diga e aponte o rumo.
O sentimento é rigorosamente mudo
mesmo quando a boca é aberta.

Escapa à vida o que dizemos
quando o indizível se torna palpável
há mais nos gestos que cometemos
do que na palavra impronunciável."

Primeira carta de Gil - Maria Luiza


"Há a falta de vossa pessoa.

Há uma vida que vivi porque havia de viver.

Houve uma morte e um luto.

Houveram outras mortes e outros lutos.

Ainda há algo a ser dito.

Haverá ainda mais a ser calado?"

Constatação - Maria Luiza


Tenho apenas uma grande certeza e uma penca de pequenas dúvidas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Beije-me - Maria Luiza



Beije-me,
beije-me como se fosse

a primeira vez

ou a última vez...

Beije-me

como se meu beijo

fosse o seu ar,
o seu alimento,

pois é assim
que sinto seu beijo.


Cada beijo seu
é o primeiro

porque é único.

A cada beijo

eu me entrego

como se fosse

o derradeiro.


Beije minhas mãos,

minha face, minha boca.
Beije meus seios,
meu ventre, onde mais

você queira beijar...

Deixe-me beijá-lo
infinitamente...

pois você é o meu ar

e o meu alimento.

domingo, 18 de outubro de 2009

Águas de Maria - Maria Luiza


Maria
como o mar

como amar

assim sou:

Maria

de águas profundas
,
de correntes transversas
,
de belezas e perigos,
de tormentas e abrigos,
de grandes vagas e de paz.

Para desvendar
o grande oceano
é preciso coragem

de sair da segurança da areia
,
despir-se sob o luar
que prateia
as águas de Maria.

domingo, 11 de outubro de 2009

Quero aprender - Maria Luiza

(foto de Clark Little)


Minha vontade é lançar-me sem medo nos grandes braços do mar.
Aprender sobre os mistérios e correntezas.

Equilibrio - Maria Luiza


Pé ante pé
passos de balé
na ponta dos dedos

levo a passada
pela minha vida
com desvelo
com muita fé

enganando meus medos
e às vezes enganada:
ficou uma ferida
jamais a revelo!

Assim sou bailarina:
danço os perigos

em forma de adágio.
Gata de rapina
em busca de abrigo

não teme o presságio.

Só quero o equilíbrio
de amar e ser amada
e apesar do ludíbrio

não erro a passada.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A minha mão - Maria Luiza


Eis aqui a minha mão
alva, em súplica, vazia,
linhas e marcas:
o tempo vivido
,
minha mão "gauche"
,
a que leva ao coração.

Eis aqui minha mão

a escrever poesia
,
a colher sonhos,
explorar o sentido:
minha mão esquerda,
como esquerda é a razão.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Meus desejos - Maria Luiza


Minha boca anda com desejo da sua boca.
Meus seios andam com desejo de suas mãos.
Minha pele anda com desejo da sua pele.
Meu olfato anda com desejo do seu perfume.
Eu-toda ando com desejo de você-todo.

domingo, 4 de outubro de 2009

Segunda Carta de Ester - Maria Luiza


"Queria poder lhe dizer tantas coisas. Queria não dizer nada. Na verdade, o que eu queria mesmo era beijar você até perdermos o ar, o tino, a noção do tempo. E nesse beijo trocar as palavras emudecidas ao longo de nossas histórias paralelas, onde elas, as palavras, fossem absolutamente desnecessárias.

Quando estamos um nos braços do outro não é necessário que haja um diálogo. Nossos corpos se entendem, nossos olhares dizem muito mais do que nossas bocas e quando nossas bocas se unem podemos ouvir o que o coração do outro fala. Há tanto que o coração quer dizer... e a boca se cala."

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fases - Maria Luiza


Querer ser o sol
quando se é lua,

ora Crescente

ora Minguante


Flutuando marés

no oceano imenso

de sentimentos profundos

abissais...


Muda a forma

de Nova à Cheia

plena em esplendor
na noite calada


A lágrima do Minguante

transmuta no sorriso

do Crescente.

E assim permanece

em suas fases

sem poder ser o sol
para aquecer

o corpo do mar.